Sobre Mim

Como Psicólogo, sou certificado pela EuroPsy em Psicologia Clínica e da Saúde, Membro Correspondente da Ordem dos Psicólogos Portugueses (Cédula Profissional n.º 021750) e Membro do Col·legi Oficial de Psicologia de Catalunya (Cédula Profissional n.º 31683).

A trajetória da minha formação académica inclui o grau de Mestre em Psicologia Aplicada pela Universidade do Minho (UM), a integração no Grupo de Investigação de Relação Terapêutica da UM, uma Pós-Graduação em Psicologia da Família pela Universidade Católica Portuguesa de Braga, um ano de Licenciatura na Facultat de Psicologia da Universitat de València, e uma formação avançada em Estudos Psicossociais na Birkbeck College, Universidade de Londres.

Atualmente, desde Sitges/Barcelona, exerço em regime online, acompanhando adolescentes, jovens adultos e adultos de diferentes pontos da geografia mundial.

Acredito que viver em coerência com quem se é, na nossa forma mais total e autêntica, constitui um dos alicerces fundantes da saúde mental.

Em Cartas a Um Jovem Terapeuta, essa obra incontornável de convite à reflexão para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos, Caligaris refere que a tendência dos/as clientes para se identificarem connosco, psicólogos/as, deve sugerir-nos um imperativo de ferro: sermos nós próprios/as. Explicita o autor, “aja quanto mais perto possível do seu desejo. Não se vista, contenha os seus gestos, module a sua aparência ou iniba a sua vida pública de forma a compor a vinheta de uma normalidade desejável. Ao contrário, comporte-se pública e privadamente como o seu desejo manda”.

Esta fidelidade ao próprio ser, sem fragmentações ou conveniências, é também a base da relação terapêutica que procuro construir. É de ser fiel à minha totalidade, de crer que o “eu” não subsiste parcialmente, que se exige inteiro, na sua mais sincera transparência, que todos os dias avanço, desarmado, para os novos capítulos que cada cliente me revela. E à semelhança de Nise da Silveira, sinto-me cada vez menos doutor, cada vez mais Carlos.

Partilho, igualmente, da advertência de Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Para mim, a terapia é isto mesmo: um encontro entre humanidades, uma caminhada onde, como psicólogo, avanço ao lado de cada um/a dos/as meus/minhas clientes no seu processo de individuação.

O meu compromisso é oferecer um espaço seguro, e entrar em cada sessão, inteiro e transparente, combinando ciência e relação para promover o seu equilíbrio, a sua autonomia e o seu crescimento pessoal.

Cada intervenção que faça é sempre integrada e personalizada. Adoto uma perspetiva integralista, em que combino, com critério e coerência conceptual, contributos de diferentes escolas — Cognitivo-Comportamental – CBT (de Aaron Beck e Albert Ellis, a Marsha Linehan, Steven Hayes, Adrian Wells e Christine Padesky); Humanista (de Carl Rogers a Irvin Yalom e James Bugental); Existencial (da Logoterapia de Viktor Frankl, Medard Boss e Ludwig Binswanger, a Emmy van Deurzen e Ernesto Spinelli); Sistémica / Familiar (Salvador Minuchin, Murray Bowen, Jay Haley e Virginia Satir, a Monica McGoldrick); Narrativa (de Michael White e David Epston, a Jill Freedman & Gene Combs); e Construtivista (desde George Kelly a Robert Neimeyer).

O essencial, entenda-se, não é a fidelidade rígida a um modelo, mas sim a correspondência entre a pessoa, as suas preocupações e objetivos, e as ferramentas que melhor lhe podem servir, momento a momento. Cada processo terapêutico torna-se então único, moldado à especificidade das necessidades, expetativas e valores do/a cliente, mantendo sempre uma base científica sólida e uma visão inalteravelmente humana.

Ao longo dos últimos anos, a par destas abordagens, sinto que a minha prática clínica vem-se fazendo cada vez mais próxima da abordagem psicodinâmica – há ainda muito a explorar e a aprender  -, particularmente a Psicanálise.

Gosto de pensar, como Brian Nosek, que “o psicanalista é, juntamente com o paciente, um construtor de sonhos. O que o coloca mais perto do poeta que do médico”. Gosto dos poetas. Eugénio de Andrade tem razão, como todos os poetas têm: “É urgente o amor, é urgente permanecer”.

Grande parte do meu trabalho tem consistido em educar e empoderar as pessoas a respeito das suas relações, desde a dimensão afetiva à sexual, com uma forte tónica na experiência do amor (aqui, em sentido lato). Freud, intemporal, deixou-o inegavelmente claro: “A psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor”.

Se só o amor nos pode tornar pessoas, é este amor que fundamenta a minha profissão, é este amor que a faz revigorar, é esta a grande mensagem dos meus préstimos terapêuticos. É pelo amor que a todos/as convido a olhar para a própria interioridade, que como diz Jung, pai da Psicologia Analítica: “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”.

Muitas correntes da psicologia contemporânea apresentam-se como manuais de instruções para a vida: identificam sintomas, aplicam técnicas, ensinam a “lidar” com emoções e pensamentos indesejados. Nada de errado – é útil, até necessário em determinados momentos. Mas há algo de redutor nessa visão que transforma o sofrimento em avaria, e a pessoa em máquina reparável através de ferramentas de ajuste. Mas a Psicanálise não segue esse caminho.

A Psicanálise não nos desafia a “melhorar”, mas a desmontar-nos. Não nos oferece truques para “lidar” – antes, mostra o quanto nos escondemos por detrás das nossas próprias defesas. Chegamos convencidos/as de que temos um problema a resolver: acabamos por descobrir que somos, nós mesmos/as, o problema. A análise não nos dá “ferramentas” – arranca as que usamos para fugirmos dos nossos vazios. Não organiza – implode. E, no silêncio que se abre quando as certezas caem, sobra apenas uma pergunta: “quem sou eu sem os meus disfarces?”.

É aí que reside a força da Psicanálise: em vez de propor máscaras mais eficazes, convoca-nos a encarar o que está por baixo delas.

Spoiler: o inconsciente já sabe a resposta. O desafio não é construir mais uma técnica, mas suportar a verdade que emerge, com a coragem de a escutar e acolher.

Complementarmente, tenho desenvolvido atividade no planeamento, organização e dinamização de programas de desenvolvimento pessoal, na autoria de artigos informativos, na condução de palestras e de projetos sócio-comunitários, promovendo a articulação entre Psicologia, Educação e Desenvolvimento.

Além da carreira científica, sou também criador artístico freelancer, adotando formas variadas nos meus processos criativos, desde a expressão plástica à videografia, passando pelo teatro musical, o fado, a escrita literária e poética, e a arte erótica.

Procuro o que me espanta. Bukowski escrevia sobre como “poesia cautelosa e pessoas cautelosas duram apenas o suficiente para morrer em segurança”. Procuro aquilo que provoca estranheza e desestabiliza, o desconforto que nasce do confronto com a ignorância. Sigo pistas subtis que me conduzem à dúvida, porque é na dúvida que se abre espaço para o conhecimento.

Regressa-me, de forma recorrente, a atração por áreas de paixão – arte, história, feminismos, estudos queer, identidade individual e coletiva – um leque amplo e dinâmico de domínios em constante transformação.

Com Kipling, fui identificando em mim esse instinto curioso e exploratório típico dos mangustos e, com Wilde, uma profunda intolerância a preconceitos e a moralismos tóxicos. Para mim, a aprendizagem constitui sempre um território de liberdade.

Como lembra Berdyaev, ao interpretar Dostoiévski, a liberdade não se confunde com bondade, verdade ou perfeição: é, por natureza, autónoma. Qualquer tentativa de a reduzir a esses parâmetros é já uma forma de negação da própria liberdade.

É necessário cultivar uma verdadeira fome de liberdade – entendida como um impulso superior, no qual a busca de sentido e de beleza se torna central. Libertar-se da tirania da vergonha, do medo e da culpa representa um avanço fundamental para o bem-estar humano.

A saúde mental está profundamente ligada a esta liberdade emocional: quanto mais livre é uma pessoa, maior tende a ser a sua sanidade.

O apego a preconceitos e tabus gera inevitavelmente a restrição da personalidade e da perceção do mundo. Pelo contrário, quando a expansão do conhecimento se assume como necessidade vital, ela manifesta-se em movimento, investigação e expressão.

É nesse processo que se constrói a individuação: pela capacidade de questionar, de integrar diferentes referências e de afirmar a singularidade sem ceder às imposições externas.

É nesse horizonte que me posiciono como psicólogo e como ser humano: alguém que acredita que a clínica não é apenas um espaço de reparação, mas também de liberdade; que a escuta é um exercício de respeito radical pela singularidade de cada pessoa; e que a psicologia, quando vivida de forma íntegra, não se reduz a técnicas ou protocolos, mas torna-se um caminho de descoberta, autonomia e autenticidade.

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