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Deixe-se Cuidar
A Psicologia Clínica e da Saúde
A psicoterapia é uma intervenção profissional assente no conhecimento científico do funcionamento psicológico humano.
Não é apenas um conjunto de técnicas: é uma relação de trabalho entre cliente e psicólogo.
Nesta relação, coloco a minha formação e experiência ao serviço de um objetivo comum: ajudar cada cliente a descobrir recursos internos, reorganizar emoções e pensamentos, tomar decisões mais alinhadas com os seus valores e ganhar autonomia para lidar com os desafios da vida.
O foco último é sempre aumentar o equilíbrio, promover o bem-estar e maximizar a qualidade de vida.
1) Avaliação Compreensiva: O processo inicia-se com sessões de avaliação, para compreender a história do problema, o estado atual, o contexto de vida e os objetivos da pessoa. Recolhem-se dados relevantes (história de desenvolvimento, familiar e médica; expectativas; metas) e definem-se prioridades de intervenção.
2) Hipótese de Trabalho e Plano Terapêutico: Com base nessa avaliação, é depois elaborada uma hipótese de trabalho fundamentada (o “porquê” do que está a acontecer, e “como” podemos transformá-lo). Dela decorre um plano terapêutico com objetivos claros, indicadores de progresso e formas de monitorização.
3) Programas de Desenvolvimento Pessoal: Para além do acompanhamento clínico, elaboro programas de desenvolvimento pessoal em formato de workbook. Estes programas são concebidos à medida das necessidades de cada cliente e podem abranger áreas como gestão emocional, autoconhecimento, construção de fronteiras relacionais, desenvolvimento de competências interpessoais ou fortalecimento da autoestima. O formato de workbook permite que o/a cliente tenha, entre sessões, materiais práticos e reflexivos, de aplicação imediata na sua vida quotidiana. Assim, o processo terapêutico não se restringe ao espaço da consulta, mas prolonga-se em exercícios, tarefas e registos que potenciam a integração e consolidação das aprendizagens.
4) Disponibilidade: Entendo que as dificuldades emocionais não seguem horários fixos. Por isso, ofereço aos clientes a possibilidade de manter contacto comigo fora do tempo formal de sessão, sem necessidade de agendamento prévio. Este espaço de disponibilidade, que pode assumir a forma de mensagens, chamadas breves ou esclarecimentos pontuais, funciona como uma rede de apoio adicional – sobretudo em situações de crise ou maior fragilidade. O objetivo é garantir que o/a cliente não se sinta sozinho/a perante momentos críticos, encontrando um ponto de referência seguro e acessível no seu percurso de mudança.
5) Check-Ups: Em determinados contextos clínicos, pode ser útil uma monitorização mais frequente e leve. Para tal, disponibilizo a possibilidade de realizar check-ups semanais, gratuitos, com a duração de 10 a 15 minutos. Estes encontros breves permitem avaliar o estado emocional do/a cliente entre sessões, reforçar o acompanhamento em momentos de maior vulnerabilidade e ajustar pequenas estratégias no dia-a-dia. Funcionam como um ‘termómetro’ regular que favorece a continuidade do processo, sem substituir as consultas principais, mas oferecendo um complemento de proximidade e suporte.
6) ‘Sessões de Compromisso’: Não correspondem a consultas formais, mas sim a um espaço gratuito que ofereço a cada cliente como reforço do processo terapêutico. Nelas, estabelecemos um acordo específico: por exemplo, no dia combinado o/a cliente apresenta um exercício escrito, uma reflexão, ou partilha a experiência de uma prática realizada entre sessões. Este formato funciona como um contrato de responsabilidade mútua: eu disponibilizo tempo e acompanhamento adicional, e o/a cliente compromete-se a investir ativamente no seu processo. É uma forma de estimular continuidade, disciplina e envolvimento, sem custos extra.
7) Monitorização e Ajuste Contínuo: Ao longo do processo vão-se revisitando objetivos, avaliando ganhos e ajustando o plano. É um trabalho colaborativo: a pessoa é agente ativa da sua mudança; e eu vou orientando, estruturando e devolvendo a minha leitura clínica.
Em primeiro lugar, é essencial ter presente a gradualidade e o realismo. Não existem soluções mágicas: mudanças profundas e duradouras precisam de tempo, prática e paciência. O progresso constrói-se passo a passo.
A sua participação ativa é igualmente fundamental. Quanto mais se envolver nas tarefas, reflexões e experiências propostas entre as sessões, maior será a probabilidade de alcançar os objetivos que deseja. O trabalho não acontece apenas aqui, mas sobretudo no dia-a-dia.
Também faz parte do processo a responsabilização saudável: reconhecer que tem uma margem de escolha e permitir-se experimentar comportamentos novos, mesmo quando isso gera algum desconforto. É nesse esforço consciente que a transformação se torna possível. Com efeito, espera-se que a terapia seja um espaço excecional – uma exceção à mesmidade do quotidiano: repetir, em terapia, o mesmo esquema de funcionamento a que está habituado/a é subverter os seus potenciais.
Ao mesmo tempo, é importante respeitar o seu próprio ritmo. Cada pessoa tem o seu tempo para assimilar mudanças. O percurso não é uma corrida; trata-se de avançar com consistência, sem pressas nem atropelos, mas com compromisso.
Por fim, valorize sempre o autocuidado e a continuidade. São as pequenas melhorias, acumuladas ao longo do tempo, que criam bem-estar sustentado. E, quando surgirem momentos de recuo – o que é perfeitamente natural – use aquilo que já aprendeu para retomar a rota com mais clareza e confiança.
Não é infrequentemente que, antes de começar terapia, surge este receio: “E se eu não souber o que dizer? E se me bloquear? E se ficar em silêncio?”
A verdade é que não existe uma forma ‘certa’ de falar em terapia. Cada pessoa tem o seu ritmo, a sua história e a sua disponibilidade para se abrir. Não se espera que chegue à primeira sessão a saber o que dizer ou como começar – esse é justamente um dos meus papéis como psicólogo: ajudar a dar forma ao que ainda não encontrou palavras.
Se houver silêncio, isso não é um problema. O silêncio também comunica. Pode traduzir medo, confusão, tristeza ou simplesmente o tempo necessário para organizar pensamentos. Em vez de ser um obstáculo, o silêncio é frequentemente uma porta de entrada: permite observar, sentir, respirar e preparar-se para dar os primeiros passos.
Estou treinado para lidar com essas situações. Poderei fazer perguntas abertas e delicadas, poderei ajudar a explorar o que está por detrás da dificuldade em falar, ou simplesmente acompanhar o silêncio de forma segura, mostrando que não é preciso forçar nada. Muitas vezes, começar por falar sobre a própria dificuldade em falar já é, por si só, um início importante.
Em terapia, não existe pressão para ‘render’ ou corresponder a expectativas. O processo é construído em conjunto, e mesmo aquilo que parece bloqueio pode revelar-se uma parte essencial do caminho: aprender a dar espaço às próprias emoções sem julgamento.
Assim, se não conseguir falar no início, não há problema. A sua presença já é um gesto de coragem. O resto vai sendo construído, pouco a pouco, com tempo, paciência e confiança. E, como sempre, estarei à sua retaguarda.
É natural haver temas que parecem demasiado pesados, íntimos ou até vergonhosos para serem ditos em voz alta. A terapia não exige que tudo seja revelado de imediato. O ritmo é seu, e respeitarei sempre os limites de partilha.
Mesmo quando não consegue falar diretamente sobre um assunto, é possível falar sobre a dificuldade em falar dele. Este é um recurso importante em psicoterapia chamado metacognição: em vez de entrar logo no conteúdo doloroso, trabalhamos a forma como pensa e sente em relação a esse tema.
Ou seja, podemos explorar o medo de ser julgado/a, sem precisar de revelar já o que teme ser julgado/a; podemos refletir sobre a ansiedade que aparece sempre que se aproxima desse tema, sem entrar nos detalhes do mesmo; podemos identificar os pensamentos automáticos que surgem quando imagina partilhar esse assunto.
Assim, mesmo sem abordar diretamente o conteúdo, vai ganhando ferramentas para compreender as suas reações, regular a ansiedade e aumentar a confiança na relação terapêutica. Muitas vezes, este processo abre naturalmente espaço para que, mais tarde, falar sobre o assunto se torne possível – de forma mais segura e menos angustiante.
Em terapia, não há pressa nem obrigação. Há apenas a construção de um caminho onde até a dificuldade em falar é material de trabalho válido e importante. Estou preparado para caminhar consigo, mesmo em torno daquilo que, por agora, só possa ser abordado de forma indireta.
A investigação científica em psicologia tem demonstrado, de forma consistente, que sim: a psicoterapia é uma intervenção eficaz no tratamento de diversas dificuldades emocionais, comportamentais e relacionais. Estudos longitudinais mostram que pessoas que recorrem à terapia apresentam melhorias significativas na regulação emocional, na capacidade de resolução de problemas e na qualidade das relações interpessoais.
Estudos internacionais confirmam que entre 40% e 60% das pessoas que recorrem à psicoterapia melhoram significativamente a sua qualidade de vida, e cerca de 30% alcançam benefícios duradouros logo após as três primeiras sessões.
Experimentamos?
A psicoterapia é um processo abrangente e transformador que vai muito além da simples redução de sintomas como ansiedade, depressão ou stress. O seu impacto pode ser observado em múltiplas dimensões do funcionamento psicológico e relacional, favorecendo tanto a recuperação clínica como o desenvolvimento integral da pessoa.
Entre os principais ganhos, destacam-se:
(i) Restabelecimento do equilíbrio psíquico: tratamento de perturbações psicopatológicas (como ansiedade, depressão, perturbações obsessivas ou dificuldades interpessoais), promovendo bem-estar e recuperação de um funcionamento mais saudável;
(ii) Autoconhecimento e aceitação pessoal: desenvolvimento da capacidade de reconhecer e reavaliar valores, necessidades, interesses, forças e fragilidades, cultivando uma atitude positiva, integradora e realista em relação a si próprio/a;
(iii) Valorização e confiança em si mesmo/a: construção de um autoconceito positivo, fortalecimento da autoestima e da autoconfiança em diferentes áreas da vida;
(iv) Competências relacionais e emocionais: promoção de empatia, cordialidade e ética nas relações, bem como da capacidade de identificar, expressar e regular emoções de forma saudável;
(v) Competências interpessoais e intrapessoais: treino em comunicação positiva, assertividade e resolução de problemas, favorecendo relações mais equilibradas, funcionais e satisfatórias;
(vi) Resiliência e capacidade de enfrentar adversidades: desenvolvimento de estratégias de regulação emocional e gestão do stress, mobilizando recursos internos e externos de forma flexível e eficaz;
(vii) Crescimento pessoal, autonomia e propósito de vida: estímulo ao movimento contínuo de desenvolvimento dos próprios potenciais, clarificação de objetivos significativos e fortalecimento da autodeterminação, ajudando a viver em maior consonância com os valores pessoais.
Um dos elementos centrais do processo terapêutico é a relação de confiança estabelecida entre cliente e psicólogo. A psicoterapia cria um espaço seguro e confidencial onde a expressão das fragilidades não é julgada, mas escutada e compreendida. Esta aliança, baseada na empatia, no envolvimento, e no respeito, constitui um dos preditores mais fortes do sucesso terapêutico, segundo a investigação científica.
Para além disso, a psicoterapia tem também um papel preventivo: ao treinar competências como a regulação emocional, a comunicação assertiva e a gestão do stress, ajuda não só a enfrentar dificuldades atuais, mas também a reduzir o risco de recaídas futuras, tornando a pessoa mais resiliente perante os desafios da vida.
Em síntese, a psicoterapia deve ser entendida não apenas como resposta a momentos de crise, mas como um investimento no bem-estar e no crescimento pessoal. É um caminho que permite reconstruir significados, curar feridas antigas e desenvolver novas formas de relação consigo mesmo/a e com os outros.
Procurar apoio psicológico não é sinal de fragilidade, mas de responsabilidade e maturidade – um passo consciente no sentido de viver com mais equilíbrio, consciência e sentido, tornando-se protagonista da própria história.
Em Portugal, mais de 22% da população adulta apresenta uma perturbação psiquiátrica, sendo a ansiedade e a depressão as mais frequentes. Apesar da crescente visibilidade da psicoterapia e do reconhecimento dos seus benefícios, muitas pessoas continuam ainda a adiar ou a evitar procurar ajuda. Porquê?
Parte desta resistência nasce de como a nossa cultura encara as emoções. Vivemos hiperconectados/as, mas profundamente desligados/as do que sentimos. O valor é colocado na produtividade, na aparência e no desempenho, enquanto a vulnerabilidade é silenciada. Pedir ajuda é ainda visto como fraqueza, chorar é tabu, dizer “não estou bem” carrega estigma.
Assim, a vergonha e o medo do julgamento funcionam como barreiras silenciosas, levando muitas pessoas a isolar-se e a viver o sofrimento em segredo.
1 – “Consultar um psicólogo? Que vergonha! O que é que os outros vão dizer?”
A vergonha nasce da forma como nos vemos através do olhar dos outros. Enraíza-se muitas vezes em experiências precoces de crítica, rejeição ou desvalorização por figuras significativas, deixando marcas de inadequação e inferioridade.
Quem cresceu sob esse olhar crítico tende a moldar-se a um “Eu Ideal” para corresponder às expectativas externas, sacrificando necessidades autênticas. Por isso, procurar ajuda pode ser vivido como exposição intolerável: mostrar o “Eu Real” é sentido como perigoso. A vulnerabilidade é confundida com defeito e, em vez de ser acolhida como manifestação saudável das necessidades humanas, é ocultada.
Este mecanismo perpetua o sofrimento, pois quanto mais escondemos as nossas dores, mais elas se cristalizam.
Romper este ciclo exige coragem: reconhecer limites, aceitar a própria fragilidade e procurar apoio não como fraqueza, mas como ato de maturidade e cuidado de si.
2 – “Consultar um psicólogo? Nem penses! Não vou falar de coisas minhas com um estranho. Tenho os meus amigos!”
Abrir-se diante de um desconhecido é, naturalmente, difícil.
As primeiras sessões podem trazer ansiedade, mas é precisamente nesse espaço seguro que o “estranho” se torna um aliado privilegiado. Ao contrário de amigos ou familiares – que embora bem-intencionados estão implicados na nossa história – a figura do psicólogo oferece imparcialidade, confidencialidade e um treino específico para compreender, acolher e orientar.
A relação terapêutica distingue-se porque é construída sobre princípios claros: empatia genuína, inteligência emocional, comunicação atenta e confiança progressiva.
O psicólogo não substitui os amigos, mas cumpre uma função diferente: cria um espaço único onde é possível falar sem receio de julgamentos, reorganizar experiências e encontrar novos significados.
3 – “Consultar um psicólogo? Isso é para gente fraca. Os psicólogos são para os malucos!”
Este é talvez o mito mais resistente. A psicoterapia não é para ‘fracos’ nem para ‘loucos’: é para pessoas que, como todas, enfrentam dificuldades humanas. Ao contrário da imagem mecanicista do psicólogo como ‘técnico que repara avarias’, a psicoterapia é um processo humano e relacional. O terapeuta traz a sua formação científica, mas também a sua capacidade de se implicar na relação, de usar a própria experiência e de olhar as feridas humanas com empatia.
Como dizia Harry Stack Sullivan, “são duas pessoas, ambas com problemas na condução da sua vida, que concordam em estudá-los juntas, na esperança de que o terapeuta os tenha em menor número”.
O objetivo não é eliminar imperfeições para corresponder a um ideal social, mas ajudar a pessoa a reencontrar o seu “Eu Real”, libertando-se da tirania do “Eu Ideal” e das exigências externas.
Pedir ajuda não diminui a autonomia: pelo contrário, é um ato de responsabilidade que devolve liberdade e autenticidade.
4 – “Consultar um psicólogo? Nem penses! Com a medicação isto vai ao sítio. Não preciso de falar com ninguém.”
A medicação psiquiátrica pode ser uma ajuda valiosa, sobretudo em fases agudas, mas raramente resolve por si só a raiz do problema.
Fármacos como ansiolíticos reduzem sintomas, mas não alteram crenças, padrões emocionais ou formas de enfrentar a vida.
Ao suspender a medicação, os sintomas tendem a regressar, e de forma mais desorganizada. A psicoterapia, embora menos imediata, atua sobre as causas, promovendo mudanças duradouras.
Estudos mostram que pode ser tão ou mais eficaz do que a medicação a médio e longo prazo. Em muitos casos, a melhor resposta é integrativa: isto é, psicoterapia associada a medicação, especialmente quando os sintomas são incapacitantes.
O essencial é perceber que falar é parte do tratamento. A psicoterapia permite que a dor deixe de ser apenas algo a silenciar ou a anestesiar e se transforme num espaço de aprendizagem, autoconhecimento e crescimento.
Conclusão
As resistências à psicoterapia – vergonha, medo, desvalorização ou confiança excessiva apenas na medicação – são compreensíveis, mas não intransponíveis. Superá-las implica revalorizar a vulnerabilidade como força e reconhecer que procurar ajuda é um ato de coragem.
Um psicólogo não é um ‘mecânico da mente’, mas um profissional da saúde mental que oferece ferramentas, presença e relação.
Assim como não hesitamos em procurar um médico para a saúde física, também não deveríamos hesitar em procurar um psicólogo para a saúde emocional.
Escutar-se, validar-se e pedir ajuda não são sinais de fraqueza: antes, manifestações de maturidade, amor-próprio e compromisso com uma vida mais autêntica e saudável.
A minha prática clínica centra-se na avaliação e intervenção psicológica em diferentes problemáticas que podem gerar sofrimento emocional e/ou comprometer o funcionamento adequado da pessoa no seu dia-a-dia.
O objetivo é sempre promover maior equilíbrio, resiliência e qualidade de vida.
Entre as áreas que acompanho, destacam-se:
(i) Déficit de competências de autovalorização: Inclui dificuldades relacionadas com autoestima, autoconfiança e autoeficácia, que muitas vezes se refletem em sentimentos de insegurança, autocrítica excessiva ou sensação de incapacidade perante desafios;
(ii) Déficit de competências sócio-emocionais: Refere-se a limitações no campo da autoafirmação e assertividade, dificuldade em expressar pensamentos, sentimentos e opiniões, e limitações na capacidade de identificar, regular e comunicar emoções. Estas competências são fundamentais para o bem-estar emocional e para relações interpessoais saudáveis;
(iii) Dificuldades interpessoais: Abrangem problemas na interação social, na gestão afetiva de conflitos amorosos, conjugais ou familiares, bem como experiências ligadas a perdas e processos de luto, que podem fragilizar o equilíbrio interno e os vínculos relacionais;
(iv) Problemáticas de foro mental: Incluem um vasto leque de perturbações clínicas, como:
– Perturbações depressivas (tristeza persistente, perda de interesse, apatia);
– Perturbações de ansiedade, incluindo ataques de pânico, medos e fobias;
– Perturbação obsessivo-compulsiva (POC);
– Experiências traumáticas e perturbações relacionadas com stress;
– Perturbações do sono (insónia, sono agitado, pesadelos recorrentes);
– Disfunções sexuais (ansiedade de performance, diminuição de desejo, dificuldades de resposta sexual);
– Perturbações relacionadas com o consumo de substâncias psicoativas.
As Teleconsultas são um tipo de intervenção psicológica previsto no Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e encontra-se profissionalmente e legalmente enquadrada pela Sociedade Internacional para a Saúde Mental Online (https://ismho.org/), bem como pela American Psychological Association (APA).
Para discutir a prática neste domínio tão específico e promover a excelência profissional dos/as psicólogos/as que prestem serviços de psicologia mediados por TIC, o Grupo de Trabalho em Psicologia e eHealth da OPP definiu um conjunto de Linhas de Orientação para a Prática Profissional (LOPP) num documento que pode encontrar aqui:
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/guidelines_opp_psicologia_ehealth.pdf
Seguindo as propostas constantes neste documento, apresento abaixo um quadro de FAQ (Frequently Asked Questions) com as diretrizes de funcionamento do serviço de Teleconsultas.
1. Em que consistem e como funcionam as Teleconsultas?
As Consultas de Psicologia à Distância por Vídeo-Chamada enformam o serviço de prestação de apoio psicológico por video-chamada, através de plataformas como o Google Meet, WhatsApp, Teams e Zoom, softwares que permitem a comunicação pela Internet através de conexões de voz e vídeo, permitindo a comunicação remota (ou à distância), em tempo real, entre psicólogo e cliente.
1.1. As Consultas de Psicologia à Distância por Vídeo-Chamada destinam-se a pessoas com idade igual ou superior a 18 anos que sintam necessidade de intervenção por parte de um profissional especializado;
1.2. A utilização de TIC na intervenção psicológica tem acontecido frequentemente em complementaridade aos serviços presenciais (e.g., leitura de materiais psicoeducativos online após uma sessão terapêutica face-a-face), mas também como via única de acesso à intervenção psicológica (e.g., programas de intervenção computorizados ou mediados pela web);
1.3. Para a realização de consulta de vídeo-chamada é importante que se certifique que o equipamento utilizado para a consulta cumpra com os requisitos mínimos para uma vídeo-chamada. Deverá providenciar de modo a que a sessão vá decorrer num espaço calmo, sossegado, tranquilo e confortável. Deverá ser, pois, um local com condições de confidencialidade, em que outras pessoas não possam interferir ou escutar a sua conversa;
1.4. Para marcar uma sessão basta enviar-nos um e-mail para consultorio.carlosmarinho@gmail.com, ou telefonar/enviar WhatsApp para o seguinte contacto: (+351) 963 008 056, solicitando uma consulta. É pedido ao/à cliente que preencha um formulário (‘Ficha de Cliente’) com os seus dados pessoais, e entregue o consentimento informado, livre e esclarecido, onde serão discutidas as regras de funcionamento do processo terapêutico;
1.5. A duração de uma sessão online é a mesma de uma consulta presencial. Ou seja, por norma, de 50 a 60 minutos. A frequência das consultas será definida entre o psicólogo e o/a cliente;
1.6. O pagamento deve ocorrer de forma antecipada, através de MBWAY ou transferência bancária para o IBAN que lhe será enviado. A consulta apenas se realiza se for feito o pagamento antecipadamente (pelo menos 24 horas antes da consulta). Não é realizado o reembolso do valor da consulta caso haja desistência da mesma;
1.7. Em caso de atraso, é pedido ao/à cliente que nos notifique o mais rapidamente possível. Caso este atraso exceda os 20 minutos de duração, o psicólogo pode optar por não atender o/a cliente, se considerar que isso prejudica a consulta e/ou as consultas seguintes. Caso este atraso ocorra por parte do psicólogo, o/a cliente poderá igualmente optar por não esperar pela consulta, solicitando o seu reagendamento. Caso tenha de desmarcar a consulta online, por favor avise com um mínimo de 24 horas de antecedência. As desmarcações só serão validadas se comunicadas diretamente ao psicólogo. O/A cliente será contactado aquando da primeira falta. Caso não haja resposta ou devolução de resposta até ao décimo quinto dia subsequente, o processo terapêutico será considerado finalizado. O processo terapêutico será finalizado à segunda falta após remarcação, caso o/a cliente não contacte o psicólogo.
2. Este formato de atendimento é realmente eficaz?
Nos últimos anos, diversos ensaios aleatorizados e controlados, revisões sistemáticas e meta-análises têm vindo a ser publicados evidenciando a eficácia e efetividade das intervenções psicológicas mediadas por TIC.
Nestes trabalhos, tem-se verificado que estas são mais eficazes do que o tratamento habitual e tão eficazes como as intervenções face-a-face para o tratamento de um grupo alargado de alterações no funcionamento e perturbações psicológicas, nomeadamente a perturbação de ansiedade generalizada, a ansiedade social, a perturbação de pânico, a perturbação de stress pós-traumático, o stress, a depressão, o perfeccionismo, o sofrimento associado à infertilidade, as perturbações do comportamento alimentar e a procrastinação.
Além disso, as intervenções psicológicas mediadas por TIC também se têm revelado eficazes na promoção da adaptação a uma série de doenças físicas, em que se incluem a dor crónica, o tinnitus, as perturbações de sono, o síndrome do cólon irritável, a diabetes e o cancro.
3. Quais são as Vantagens das Consultas de Psicologia à Distância por Vídeo-Chamada?
A prestação de serviços mediados por TIC apresenta diversas vantagens quando comparada com as intervenções face-a-face ou quando associada a este tipo de intervenções, designadamente:
3.1. Acessibilidade: estando ao alcance de uma grande parte da população, particularmente, a indivíduos a residir em áreas rurais ou remotas, ou a indivíduos cuja sintomatologia ou condição física se traduza em dificuldades de mobilidade ou cujo ambiente hospitalar/clínico acarrete associações negativas que os impedem de receber os cuidados de que necessitam. Os portugueses que vivem no estrangeiro também beneficiam desta modalidade. Com efeito, aqueles que não são fluentes noutras línguas, podem ter uma consulta online com um psicólogo na sua língua materna;
3.2. Flexibilidade e conveniência: permitindo o acesso assíncrono aos cuidados de saúde, não dependendo do horário de funcionamento das unidades de saúde ou da disponibilidade de profissionais de saúde, eliminando tempos de espera e evitando deslocações que podem ser dispendiosas;
3.3. Elevada adaptabilidade: o conteúdo dos programas de intervenção e a forma como estes são apresentados podem ser facilmente adaptados às necessidades e limitações dos seus utilizadores;
3.4. Estandardização e estrutura dos conteúdos: garantindo a fidelidade do programa de tratamento e diminuindo o impacto das competências da/o psicoterapeuta nos resultados do mesmo;
3.5. Ritmo de utilização autodeterminado: as/os utilizadoras/es podem utilizar o programa de intervenção de acordo com a sua conveniência e rever os seus conteúdos quando necessário, o que facilita a retenção e a aprendizagem dos conceitos e técnicas apresentadas;
3.6. Monitorização integrada do tratamento: a adesão e o progresso terapêutico podem ser facilmente monitorizados através da integração de questionários online, testes adaptados, pontuação automática e ferramentas de visualização dos resultados obtidos pelos utilizadores;
3.7. Promoção da autoeficácia e empoderamento das/os utilizadoras/es;
3.8. Privacidade e possibilidade de anonimato: contornando o possível estigma associado ao acesso a cuidados psicológicos.
4. O que devo saber sobre os desafios, limitações e perigos apresentados pelas Teleconsultas?
A utilização de TIC na intervenção psicológica poderá apresentar ainda um conjunto de desafios e limitações que merecem ser ponderados, nomeadamente:
4.1. A falta de acesso a um computador ou dispositivos móveis;
4.2. A baixa literacia informática e a inacessibilidade à internet;
4.3. Os problemas tecnológicos associados ao login, download ou decorrentes de ligações lentas;
4.4. As questões relativas à segurança, privacidade e confidencialidade que decorrem da utilização de TIC, incluindo mecanismos de gravação e rastreio das comunicações ou o acesso indevido por terceiros ao conteúdo das intervenções;
4.5. A escassez de legislação relativa à prestação de serviços e, particularmente, aos serviços de psicologia mediados por TIC, coloca dificuldades de regulação e de mitigação de riscos relacionados com a qualidade dos serviços e com a credibilidade das intervenções.
Linhas de Orientação para a Prática de Teleconsulta:
Em conformidade com a proposta do Grupo de Trabalho em Psicologia e eHealth da OPP [Renato Gomes Carvalho (CP111) (Coord.); Ana Dias da Fonseca (CP12369); Artemisa Rocha Dores (CP1610); Cristina Mendes Santos (CP13914); João Batista (CP9466); João Salgado (CP4956); Marlene Sousa (CP11344)], a nossa prática profissional institui-se em consonância com as seguintes linhas de orientação:
Cumprimento dos Princípios Éticos e Deontológicos da Profissão: Independentemente do meio de contacto que seja utilizado para a intervenção psicológica, o psicólogo deverá orientar o seu trabalho pelos mesmos princípios éticos e normas deontológicas consagrados no Código Deontológico que regula a profissão e que se encontra publicado em Diário da República, 2ª série, nº 246/2, de 26 de dezembro de 2016;
Conhecimento e Competência: Garantimos igualmente a posse das competências necessárias a nível técnico, ético e legal, para a provisão segura destes serviços, avaliando para cada cliente, se esta opção de tratamento é a mais eficaz e que a/o cliente possui os recursos necessários (e.g., literacia digital) para a aplicação desta modalidade de serviços. Compete-nos garantir que a intervenção à distância é utilizada com vista ao melhor interesse do/a cliente;
Identificação do Psicólogo e do/a Cliente: Comprometemo-nos a fornecer informações que assegurem a nossa competência e permitam às/aos clientes verificar, de forma clara, a nossa identidade profissional. De igual forma, prevemos o agendamento de um contacto prévio presencial ou por videoconferência, a validação de um endereço de e-mail, ou a utilização de outros sistemas de código para assegurar a identidade do/a cliente;
Integridade e Limites da Relação: Reconhecemos a necessidade de manter uma relação profissional com as/os suas/seus clientes (considerando o setting terapêutico como variável relacional) e estamos conscientes do potencial para quebras na integridade da relação, no contexto de serviços de psicologia mediados por TIC;
Consentimento Informado: As/Os psicólogas/os reconhecem que o uso de meios digitais no contacto com a/o cliente acarreta riscos específicos adicionais que deverão ser considerados na obtenção do consentimento livre e informado. Este consentimento deverá compreender informação clara e compreensível pela/o cliente, tendo em conta a natureza dos dados que poderão ser registados de modo digital;
Confidencialidade e Segurança no Registo e Transmissão de Dados: Asseguramos o conhecimento informático necessário para a provisão segura e responsável de serviços de psicologia mediados por TIC, incluindo a assistência de especialistas em tecnologia para assessoria ao nível da segurança das ferramentas informáticas. Tudo o que for dito em consulta online será confidencial. Informamos os/as nossos/as clientes acerca dos pressupostos e dos limites da confidencialidade associados a cada serviço prestado (e.g., em caso de risco para a/o cliente ou terceiros), mecanismos de segurança a adotar e os problemas de segurança inerentes ao uso de tecnologia.
Neste último ponto, informamos sobre:
(A) a possibilidade de acesso por pessoas não autorizadas a e-mails, mensagens e/ou vídeos e provável divulgação de informação confidencial;
(B) possíveis avarias no sistema e consequentes implicações para a segurança das ferramentas tecnológicas utilizadas;
(C) a possibilidade de acesso a e-mails, mensagens e/ou vídeos excluídos/apagados, mas que permaneceram armazenados em cópias de segurança e, provável, divulgação de informação confidencial. Asseguramos ainda que a informação obtida apenas será revelada quando: (1) há obrigação legal ou judicial para o fazer; (2) há um risco elevado ou imediato de as/os clientes fazerem mal a si próprias/os ou a outros.
- É importante que, a par dos/as psicólogos/as, os/as clientes estejam também conscientes de que a recolha, divulgação ou cedência a terceiros de informação considerada como dados pessoais, nomeadamente voz ou imagem, deve ser somente efetuada com o consentimento informado escrito de ambas as partes.
- Comprometemo-nos ainda a guardar cópias de segurança das informações relevantes dos/as clientes para que permaneçam disponíveis mesmo que ocorram problemas ou falhas nos hardwares, softwares e/ou dispositivos de armazenamento. No caso de ser necessário, por solicitação do/a cliente ou finalização do serviço psicológico prestado, realizaremos esforços para garantir a destruição efetiva dos dados e informações guardadas nos softwares, dispositivos e plataformas informáticas.
- Todas as informações serão mantidas numa base de dados devidamente protegida por password, estando o computador devidamente protegido com um antivírus e uma firewall.
- Nos casos em que se verifique uma falha de segurança e/ou o acesso indevido a informação confidencial, asseguramos que informaremos de imediato os/as nossos/as clientes e as autoridades competentes para mitigar os efeitos danosos de tais atos.
Aspetos Legais e de Jurisdição: Estamos cientes de que, para além da legislação aplicável à prestação de serviços de psicologia em geral, a prestação desses serviços mediada por TIC pode envolver enquadramentos jurídicos específicos, decorrentes, por exemplo, de diferentes jurisdições ou de questões associadas à segurança e proteção de dados;
Avaliação Psicológica: Reconhecemos as limitações associadas a processos de avaliação psicológica conduzidos através das TIC e implementamo-los apenas quando as condições mínimas estiverem asseguradas, cruzando diferentes instrumentos formais e informais, de forma a garantir processos de avaliação rigorosos, transparentes e fidedignos, que estejam de acordo com os princípios elencados no Código Deontológico da OPP;
Intervenção em crise: Asseguramos a identificação de potenciais situações de risco para estabelecermos, antecipadamente, os mecanismos a implementar para lidar com estas. Em situações de crise, crises recorrentes e/ou catástrofe avaliaremos a exequibilidade da utilização de serviços de psicologia mediados por TIC.
Os nossos serviços encontram-se protocolados com outras entidades, objetivando tornar o acompanhamento psicológico de qualidade mais acessível, oferecendo descontos exclusivos nos valores das consultas aos membros das entidades parceiras.
Através destes acordos, os associados beneficiam de reduções no preço da primeira e das consultas subsequentes, mantendo-se, contudo, os mesmos padrões de excelência, confidencialidade e profissionalismo que caracterizam a nossa prática clínica.
Estas parcerias refletem o nosso compromisso em promover a saúde mental e o bem-estar, facilitando o acesso a apoio psicológico qualificado em condições justas e vantajosas.

