DO ORGULHO ‘MONO’ E ‘POLI’ À LIBERDADE RELACIONAL

Grande parte do meu trabalho tem consistido em educar e empoderar as pessoas a respeito das suas relações, desde a dimensão afetiva à sexual

A minha fé na liberdade individual é tal, que a ênfase é sempre descida na importância do autoconhecimento, na autoaceitação da autenticidade de nós para conosco próprios/as e para com os outros, na abertura e disponibilidade para as solicitações e sincronicidades da vida, e para a vivência do tipo de relação que esteja mais alinhado com o nosso crescimento pessoal, tendo em conta o impacto das nossas ações nos demais.

Quando o tópico são estilos de relação, acredito que os seres humanos têm distintos potenciais que os predispõem a prosperar através de estilos diferentes – e nenhum deles é errado, superior ou otimal em si mesmo, ou universalmente. É ao confrontarem a incoerência entre o que desejam e aquilo que levam à prática, que muitas vezes os/as clientes – não sem dúvida e sofrimento – são levados/as a tornar consciente o poder de influência do monocentrismo e a ponderem a exploração de formas de relação alternativas.  

As regras da monogamia tradicional são claras: prometes a uma pessoa a tua exclusividade emocional e sexual para sempre. Sob influência do monocentrismo não há alternativa: és monógamo/a ou poliamoroso/a, sexualmente exclusivo/a na tua relação ou não. 

O que surgem em espaço terapêutico são questões como: tem mesmo de ser assim? Porquê? Como poderia ser distinto, e o que mudaria exatamente? Que formas de relação podem existir fora desta dicotomia? 

Da mesma maneira que o movimento transgénero ultrapassou o binarismo de género (homem/mulher), e as pessoas bissexuais desmontaram o binarismo de orientação sexual (homossexual/heterossexual), parece fazer-se premente agir de igual forma com o binarismo de estilo relacional (monogamia/poliamor). 

Tenho verificado que a maior parte das pessoas é monógama não por escolha, mas por defeito: acreditam que a monogamia é o que é esperado delas e da condução das relações. Não são conscientes de que existem outras opções, ou de que podem funcionar. Consequentemente, as suas relações ressentem-se. Outras tantas, depois de uma autoanálise, percebem que a monogamia é o tipo de relação que melhor funciona para elas. 

Para que possamos considerar todas as opções de relação ao nosso alcance, é importante ter um melhor conhecimento acerca delas, expondo mitos e preconceitos. Não há uma razão ‘correta’ para decidir abrir uma relação; algo, porém, é transversal a todos/as quando se trata de transcender a monogamia: tomar uma decisão consciente, meditada, sobre o que melhor funciona para elas, incluindo as que funcionam e vão contra as normas sociais

O DECLÍNIO DA MONOGAMIA

matrimónio monógamo tradicional (“até que a morte nos separe”) encontra-se numa irremediável fase de declínio há já várias décadas. A chamada ‘monogamia em série’ ou ‘sequencial’, predominante na atualidade, não está isenta de desafios e desilusões:

  • Mentiras e affairs extraconjugais;
  • Monotonia e tédio;
  • Baixo desejo sexual e casamentos assexuais (juntamente à infidelidade, esta é a razão mais comum pela qual um casal vem procurar apoio profissional);
  • Disfunções sexuais (ex.: impotência e anorgasmia);
  • Consumo, às escondidas, de pornografia digital ou adição à mesma;
  • Acusações de adultério emocional;
  • Desconfiança e ataques de ciúmes (fundamentados e infundados);
  • Violência de género e abuso doméstico;
  • Facilidade em encontrar novos amantes através de redes sociais e páginas web para encontros, algumas desenhadas expressamente para pessoas casadas;
  • Romances e infidelidades através da Internet, Facebook, Instagram ou WhatsApp;
  • Ciber-affairs através de avatares e realidade virtual;
  • Relações sexuais-afetivas com «sexbots».

O MONOCENTRISMO

O monocentrismo é um conjunto de crenças que assume que a monogamia – ou a união romântica e sexualmente exclusiva entre duas pessoas – é o registo relacional natural, saudável, superior ou correto. Embora muitas vezes de forma velada, o monocentrismo faz-se omnipresente na nossa vida quotidiana através de inúmeros pressupostos, regras e costumes culturais:

MONOCENTRISMO NAS RELAÇÕES ROMÂNTICAS:

  • O matrimónio é só para duas pessoas. Por muito que mais do que duas pessoas se queiram e queiram partilhar as suas vidas, não podem casar-se legalmente nem usufruir dos privilégios legais e sociais do matrimónio;
  • O ideal romântico de “alma gémea” ou de “amor verdadeiro” está limitado a uma pessoa; a monogamia em série estende este ideal no tempo, ou seja, podemos ter vários amores verdadeiros sequencialmente, mas nunca em simultâneo;
  • O romance e o compromisso, se reais, são sinónimos de monogamia ou têm que conduzir-nos até ela;
  • Ter sexo com mais do que uma pessoa ao mesmo tempo demonstra, sem dúvidas, que não se tem um interesse ‘sério’ em nenhuma delas;
  • Os seres humanos são essencialmente monógamos e só as pessoas “egoístas”, “feridas” ou “frágeis” são infiéis ou procuram mais do que uma relação;
  • Os homens não-monogámicos são “narcisistas” ou “mulherengos” em quem não se pode confiar, e as mulheres não-monogámicas são “putas” que não merecem ser tratadas com respeito;
  • As pessoas solteiras que ainda não encontraram a sua “meia laranja” estão condenadas a serem infelizes até que o consigam.

MONOCENTRISMO NA CULTURA:

  • A maioria das casas é desenhada com um quarto grande, para o casal, e outros mais pequenos para os familiares que durmam sozinhos;
  • A maioria dos carros tem dois assentos para adultos à frente, e vários assentos para crianças atrás;
  • A maioria das letras de canções de amor e dos guiões cinematográficos românticos giram em torno do casal monógamo, do seu sucesso ou do seu fracasso;
  • Quase todas as ofertas especiais de massagens, viagens ou jantares de São. Valentim são só para casais de duas pessoas;
  • A maioria das ofertas especiais culturais (ex.: transportes públicos, museus, zoos) são para um máximo de dois adultos mais crianças;
  • As aulas de educação sexual centram-se na relação entre duas pessoas;
  • O status de relação no Facebook, tal como muitas outras páginas web, só permite reconhecer uma pessoa. 

Estas são apenas algumas das muitas maneiras através das quais a cultura nos diz, uma e outra vez, que o casal monógamo é o normal e inevitável

O monocentrismo também pode afetar negativamente a imagem que temos de nós próprios/as e dos outros. O ‘orgulho mono’ e a polifobia são frutos naturais da grande árvore do monocentrismo. 

ORGULHO MONO E POLIFOBIA

Os/As monogamistas, ou pessoas que sofrem de ‘orgulho mono’, consideram a monogamia como natural, vantajosa ou superior em algum ou todos estes níveis: pessoal, relacional, familiar, social, moral e espiritual. Este sentimento tende a vir acompanhado pela polifobia, ou seja, o medo ou recusa consciente ou inconsciente do poliamor. Pode manifestar-se de muitas maneiras: aversão visceral, antipatia e hostilidade, patologização psicológica, estigmatização social, juízo moral, condenação religiosa ou condescendência espiritual face ao poliamor

EXEMPLOS DE ‘ORGULHO MONO’ E POLIFOBIA

  • Se duas pessoas se querem “de verdade”, deverão ser monógamas;
  • O casal monógamo e a família nuclear são necessários à ordem social e à criação saudável das crianças;
  • A exclusividade sexual é a única garantia para se não contraírem infeções venéreas, como o herpes, a sífilis ou a SIDA;
  • Os ciúmes são um sinal inequívoco de amor, já que protegem o casal monógamo de perigos e possíveis competições;
  • As pessoas poliamorosas não são confiáveis já que podem tentar roubar o/a meu/minha companheiro/a;
  • O amor poli não é mais do que uma promiscuidade superficial ou adolescente;
  • As pessoas poli são obcecadas e sem escrúpulos, que só pensam em fazer sexo com mais e mais pessoas sem se importarem com os danos que possam provocar-lhes;
  • As pessoas poli são narcísicas, histéricas, têm problemas de vinculação ou devem ter sido abusadas sexualmente na infância;
  • Os instintos poli não são ‘naturais’ e, se existem, é preciso eliminá-los para se viver em sintonia com a nossa natureza mais genuína;
  • Os instintos poli são ‘naturais’ mas os seres humanos podem – e devem – superar esses impulsos animalescos;
  • Os desejos poli são ‘naturais’ mas as pessoas devem transformá-los para alcançarem maturidade emocional, relacional e espiritual;
  • O desejo poli num casal é sinal inequívoco de que têm problemas;
  • O poliamor destruirá a instituição do matrimónio e, consequentemente, a ordem e a estabilidade social;
  • O poliamor é capitalista já que trata as pessoas como meros objetos sexuais (sempre e quando satisfaçam os nossos desejos);
  • O poliamor é patriarcal porque reforça o sonho masculino de se ter um ‘harém’ de mulheres. 

ORGULHO POLI E MONOFOBIA

Opostamente, o orgulho poli e a monofobia emergiram como reação ao monocentrismo e gradualmente deram forma à sua antítese: o policentrismo. O orgulho poli é a consideração psicológica, social, moral e/ou espiritual do poliamor como natural, vantajoso ou superior. Tende a ser acompanhado pela monofobia, ou seja, o julgamento ou aversão conscientes ou inconscientes face à monogamia

EXEMPLOS DE ORGULHO POLI E MONOFOBIA

  • As pessoas poli são seres mais evoluídos, com uma capacidade de amar superior à das pessoas monógamas;
  • As pessoas monógamas são vítimas de uma ‘lavagem cerebral’ e não conseguiram libertar-se do seu condicionamento social ou religioso;
  • O poliamor é a forma de amar primigénia que existia antes da chegada do patriarcado e do controlo da sexualidade da mulher;
  • O poliamor é uma estrutura amorosa mais complexa, só ao alcance daqueles/as que alcançaram um certo nível de intimidade e querem continuar a evoluir;
  • O poliamor é a solução para todos os males da monogamia: a insatisfação sexual, as mentiras e as infidelidades, as separações traumáticas, e até o abuso e a violência doméstica;
  • O poliamor protege das infeções venéreas já que as pessoas poli usam mais medidas de proteção com os seus amantes do que as pessoas mono nos seus affairs extraconjugais;
  • As pessoas monógamas são hipócritas pois criticam o que na verdade gostariam de fazer (ter mais amantes) ou fazem-no às escondidas;
  • O poliamor é mais ético e responsável que o adultério revestido de monogamia;
  • Os ciúmes são naturais mas estão baseados em medos e inseguranças, que o poliamor pode transformar;
  • O poliamor é ‘sex positive’ e liberta as pessoas de códigos morais ou religiosos repressores que condenam ou limitam o prazer sexual e o sexo recreativo;
  • A monogamia é patriarcal, racista, classista e capitalista, e o poliamor é o antídoto para todos estes males sociais;
  • O amor poli é mais evoluído espiritualmente já que está livre do sentimento de posse e em contacto com a essência inclusiva e expansiva do amor. 

A POLIFOBIA E A MONOFOBIA INTERNALIZADAS

Tanto a polifobia como a monofobia podem internalizar-se e dirigir-se à própria pessoa através de juízos internos em relação aos seus desejos, sentimentos ou condutas. A pessoa que sofre de polifobia interna evita os seus desejos ou condutas poli e tende a sentir que há ‘algo de errado’ com ela por sentir amor romântico ou desejo sexual por várias pessoas ao mesmo tempo e ser incapaz de sustentar laços monogâmicos a longo prazo

A pessoa que sofre de monofobia interna autocritica-se por ser incapaz de amar romântica ou sexualmente mais do que uma pessoa ao mesmo tempo, ou por ser incapaz de superar ciúmes e o medo de que a pessoa que ama queira ou deseje outras

A longo prazo, ambas as fobias podem conduzir ao isolamento, ao cinismo diante das relações ou até diante do amor, a condutas autodestrutivas como as adições, à vergonha, à depressão e à angústia existencial.

Importa lembrar que:

  • Nenhum estilo relacional é superior ou ótimo em si mesmo, ou para todas as pessoas;
  • As pessoas podem necessitar ou desejar viver um ou outro estilo relacional em momentos distintos do seu desenvolvimento pessoal ou afetivo-sexual, sem que exista uma sequência universal identificável
  • As pessoas podem escolher qualquer estilo relacional por razões mais ou menos saudáveis: por exemplo, desde um ponto de liberdade, de autoconhecimento ou em sintonia com as suas necessidades profundas mais autênticas; ou desde o ponto da coerção social, da ignorância ou medos e feridas afetivo-sexuais.

COMO SUPERAR O MONOCENTRISMO E O POLICENTRISMO? 

A superação do monocentrismo e do policentrismo dá-se com a liberdade relacional. Esta liberdade brota da possibilidade cada vez maior de escolher livremente o estilo relacional que realmente desejamos e necessitamos para ir crescendo, mais adequado para cada contexto ou circunstância de vida. Seja através: 

1 | Da combinação de valores essenciais da monogamia e do poliamor nas relações íntimas (estabilidade e diversidade, compromisso e liberdade, etc.); 

2 | Do poder viver a monogamia e o poliamor de forma sequencial ou ciclicamente, em diferentes momentos, sem medos ou conflitos; 

3 | Da capacidade de poder escolher entre a monogamia e o poliamor como estilo relacional temporal, indefinido ou permanente, cada vez mais livre de condicionantes biológicas, psicológicas, socioculturais e religiosas; ou

4 | Da vivência de relações íntimas mais além do binarismo mono/poli e de sistemas de crenças associados (por exemplo, através de uma nossa identidade que transcenda o ser monógamo/a ou poliamoroso/a). 

Todo o ser humano tem o direito a amar o número de pessoas que quiser, de formas mutuamente benéficas, não daninhas e fomentadoras do prazer, da convivência ou do crescimento. Tanto o mono como o policentrismo infringem este direito fundamental

“QUERO ABRIR A MINHA RELAÇÃO: E AGORA?”

Se estás a pensar ampliar a tua relação monogâmica para uma relação não-monogâmica… 

…não o faças por descontentamento ou insatisfação com a tua relação atualacreditando que incluir outras pessoas irá melhorá-la;

…não o faças porque ter uma relação aberta é algo ‘trendy’ ou porque todas as pessoas à tua volta estão numa relação desse tipo (como diz uma amiga minha, parece que hoje em dia é considerado um puritanismo não se ser poliamoroso/a).

…tão-pouco é desejável sentires que o/a teu/tua companheiro/a te está a pressionar ou coagir para explorares a não-monogamia. A avançar, tu e ele/a devem estar de acordo para que haja alguma possibilidade de sucesso.

As pessoas decidem criar relação não-monogâmicas por muitas razões diferentes. Talvez uma ou mais das seguintes possam parecer-te razoáveis e/ou similares à tua própria experiência: satisfação sexual e fantasias; insatisfação com a monogamia; desejo de liberdade e abertura; exploração da diversidade sexual e emocional, crescimento pessoal e espiritual.

Se estás a considerar a possibilidade de ter uma relação aberta, deverás primeiro fazer uma autoavaliação exaustiva e honesta para determinar se é uma boa ideia te aventurares para além da monogamia. Estas são algumas das perguntas que deves fazer, escrever sobre elas num diário, ou partilhar com amizades, o/a teu/tua companheiro/a ou terapeuta:

QUAIS SÃO AS TUAS IDEIAS SOBRE A MONOGAMIA?

  • Se já estivemos numa relação monógama anteriormente, como te sentias nessas relações, o que funcionou e não funcionou para ti? 
  • Acreditas que além pode querer ou apaixonar-se por mais do que uma pessoa ao mesmo tempo? 
  • Que papel desempenha o sexo nas tuas relações? Que importância tem para ti? Que significa para ti?
  • És capaz de ter relações sexuais sem conexão emocional? De que maneira se relaciona (ou não) o sexo e o amor?
  • Alguma vez tiveste uma relação de ‘amigos coloridos’? O que funcionou e não funcionou nessa relação?

SE ESTÁS ATUALMENTE NUMA RELAÇÃO:

  • Qual é o estado atual da relação? Sentes que a relação é estável e segura?
  • Quais são os conflitos que tens mais habitualmente com o/a teu/tuas companheiro/a?
  • Os/as dois/duas querem explorar uma estrutura diferente de relação?
  • Tens necessidades sexuais, desejos e fantasias que não estão a ser satisfeitas?

IMAGINA QUE O/A TEU/TUA COMPANHEIRO/A ESTÁ A TER RELAÇÕES SEXUAIS COM OUTRA PESSOA. É importante que o concebas com total honestidade, sem autocensuras e procurando sentir como seria essa situação:

  • Que sentimentos te provoca?
  • Qual é o teu maior medo?
  • Como seria o resultado mais otimista para esta situação?
  • O que seria absolutamente inaceitável? 

IMAGINA QUE O/A TEU/TUA COMPANHEIRO/A ESTÁ A TER UMA RELAÇÃO COM OUTRA PESSOA. É IMPORTANTE QUE O CONCEBAS COM TOTAL HONESTIDADE, SEM AUTOCENSURAS E PROCURANDO SENTIR COMO SERIA ESSA SITUAÇÃO:

  • Que sentimentos te provoca?
  • Qual é o teu maior medo?
  • Como seria o resultado mais otimista para esta situação?
  • O que seria absolutamente inaceitável?

COMO GERES OS TEUS SENTIMENTOS?

  • Consideras-te uma pessoa ciumenta? Como geres sentimentos intensos como a raiva, os ciúmes e o ressentimento?
  • És capaz de determinar quais são os teus limites e comunicá-los a outras pessoas?
  • Quando um assunto te preocupa, tendes a guardá-lo para ti, ou comentas com outras pessoas?
  • Consegues comunicar-te de forma aberta e honesta, incluindo sobre assuntos complicados?
  • Como tendes a gerir um conflito?

QUAL É A TUA DISPONIBILIDADE?

  • Tens tempo para cuidar e desenvolver mais do que uma relação amorosa?
  • Tens a energia para te dedicares a várias pessoas e compatibilizares várias relações amorosas?
  • Tens acesso a potenciais amantes que tenham experiência na não-monogamia e dotados/as de habilidades sócio-relacionais importantes?
  • Conheces-te o suficiente e tens as habilidades de comunicação necessárias para estar numa relação aberta?

SIM OU NÃO? 

Fazer uma lista de prós e contras pode ser útil para perceberes se as relações abertas são uma decisão ajustada para ti. Gosto de pensar nos prós e contras em termos de vantagens e desvantagens:

VANTAGENS:

  • Evitar a sensação de repressão, de limitação e clausura; 
  • Ter a liberdade para reconhecer ou seguir o impulso de atrações e desejos;
  • Ter a liberdade para criar relação que sejam funcionais para ti;
  • Ter várias parcerias sexuais e experiências;
  • Ter múltiplas relações simultâneas;
  • Cobrir diferentes necessidades com diferentes pessoas;
  • Explorar diferentes dinâmicas sexuais ou relacionais;
  • Não ser necessário terminar uma relação para começar outra;
  • Não ser necessário ‘ser-se tudo’ para uma única pessoa, e vice-versa;
  • Enfrentar o desafio de aprender e desenvolver-se mediante as relações;
  • Viver de forma autêntica;
  • Trabalhar a autoconsciência, os ciúmes e outras dificuldades. 

DESVANTAGENS:

  • Mais relações significativas significam mais trabalho;
  • Não ter tempo suficiente;
  • Não ter a sensação de segurança numa relação;
  • Requer boas habilidades de comunicação e negociação;
  • Requer introspeção e uma honestidade profunda;
  • Possibilidade de enfrentar regularmente sentimentos de ciúmes e insegurança;
  • Desaprovação de amizades, família, comunidade, sociedade.

O QUE FAZ COM QUE UMA RELAÇÃO ABERTA FUNCIONE?

As pessoas que praticam a não-monogamia são um grupo muito variado e desenham as suas relações de muitas maneiras diferentes. De todo os modos, têm em comum uma série de habilidades emocionais-chave, qualidades que as ajudam a negociar e nutrir as suas relações

Se não tens uma ideia clara de quem és ou do que queres, se te sentes inseguro/a contigo mesmo/a e com a tua relação, provavelmente ser-te-á difícil navegar pela não-monogamia. Enfrentar a introspeção, processares os teus sentimentos com outras pessoas, teres a disposição para gerir os conflitos, para a comunicação, para a determinação de limites, são algumas das habilidades necessárias. 

COMO COMUNICAR O DESEJO DE ABRIR A RELAÇÃO?

Se és tu quem avança a sugestão, deverás apresentar o assunto gradualmente. Tatear o terreno usando de uma introdução mais genérica poderá ser útil, como: “Passou um programa na televisão sobre relações abertas? Que achas disso?”, ao invés de algo que provoque o confronto como “Quero abrir a nossa relação e preciso que estejas de acordo”. Dá-lhe tempo e espaço para que responda; recorda que tu podes ter já vindo a pensar sobre o tema há muito tempo, mas para ele/a poderá ser a primeira vez. Tranquiliza o/a teu/tua companheiro/a relativamente ao teu compromisso com a relação. Quando um dos elementos tem sentimentos intensos como sofrimento, insegurança, ciúmes, traição, reconhece esses sentimentos, respeita-os.

Se foste tu quem recebeu a sugestão, espera para saber mais antes de decidir. Escuta o/a teu/tua parceiro/a sem criticar ou julgar. Resiste ao impulso de duvidar sobre ti mesmo/a ou de validar o mito da monogamia com ideias como: “Por que queres uma relação aberta? Não sou suficiente para ti?”. Se ambos mostrarem interesse, continuem a conversar. Leiam sobre o tema, investiguem. Pratiquem a paciência e a empatia, lembrem-se de que estão na mesma equipa

Sabe mais em consultório.

Aqui para ti,

Com estima,

Carlos Marinho

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